quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Conselho de Segurança da ONU condena repressão da Síria contra civis


Órgão composto por 15 nações aprovou declaração contra governo do presidente Bashar al-Assad; Líbano rejeitou documento

O Conselho de Segurança da ONU condenou nesta quarta-feira a repressão do governo sírio contra os protestos opositores e pediu que os envolvidos sejam "responsabilizados". O órgão da ONU aprovou uma declaração contra o governo do presidente Bashar al-Assad pelos ataques a manifestantes que exigem o fim de seu regime.
Foto: Reuters
Imagem de vídeo postado na internet que diz mostrar tanque em Hama
Após semanas de negociações, um conselho presidencial concordou que o órgão composto por 15 nações "condena as amplas violações aos direitos humanos e o uso da força contra civis pelas autoridades sírias". O Líbano foi o único país que rejeitou o comunicado, ao dizer que esse tipo de instrumento “não ajudará" a acabar com a crise na Síria.
As potências europeias, apoiadas pelos Estados Unidos, fizeram uma campanha para um pronunciamento do Conselho de Segurança sobre a repressão aos protestos iniciados em meados de março. China e Rússia ameaçaram vetar qualquer resolução formal e o comunicado foi a primeira ação do conselho, depois do aumento da violência na cidade de Hama.
O comunicado não faz referências à investigação sobre direitos humanos, que Reino Unido, França, Alemanha e Portugal pediram em suas versões anteriores do texto, mas afirma que os envolvidos na violência devem ser "responsabilizados". O texto pede ainda que “autoridades sírias respeitem totalmente os direitos humanos e cumpram com suas obrigações dentro das leis internacionais”. O conselho também pede também que as autoridades sírias "cooperem totalmente" com o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.
A onda de violência no país, que começou em março, ganhou força desde domingo, quando o Exército deu início a uma operação que deixou dezenas de mortos em cidades como Hama.
O tipo de de declaração do Conselho de Segurança se torna parte do histórico oficial do órgão, mas tem menos força que uma resolução. No passado, Rússia e China sinalizaram que não aprovariam uma resolução contra a Síria.
Pressão internacional
A violenta operação do Exército da Síria contra a oposição em diferentes cidades provocou uma nova onda de pressão internacional sobre o governo do país.
Na terça-feira, a Itália convocou seu embaixador em Damasco como protesto pela "horrível repressão contra a população". "Propomos que todos os países da União Europeia façam o mesmo", disse um comunicado da chancelaria italiana.
Na segunda-feira, a União Europeia ampliou as sanções contra o governo da Síria, incluindo mais cinco nomes na lista de indivíduos que tiveram bens bloqueados e estão proibidos de viajar para o bloco. Ao todo, 35 pessoas foram alvo de sanções.
O chefe militar americano Mike Mullen afirmou que os EUA querem aumentar a pressão contra o regime sírio "política e diplomaticamente". Questionado sobre a possibilidade de uma ação militar, Mullen afirmou que "não há qualquer indicação de que os EUA se envolvam diretamente".

Tanques em Hama
A ação do Exército sírio parece tentar impedir que os protestos contra o governo ganhem força durante o Ramadã. No mês do jejum muçulmano, centenas de pessoas frequentam mesquitas à noite, e o regime teme que as orações possam se transformar em amplas manifestações.
Nesta quarta-feira, tanques do Exército ocuparam a principal praça no centro de Hama, cidade que é palco de alguns dos mais intensos protestos contra Al-Assad.
De acordo com testemunhas, todos os serviços de comunicação e energia foram cortados.
Ativistas disseram que também é possível ouvir tiros de metralhadora em várias áreas da cidade, além de explosões que parecem estar concentradas no distrito de al-Hader.
A nova crise de violência começou no domingo, quando tanques invadiram Hama e outras cidades do país. Segundo a Associated Press, a ação do Exército deixou 75 mortos, enquanto a BBC fala em mais de 130 vítimas.
De acordo com ativistas, a operação deixou mais 24 mortos na segunda-feira - dez em Hama, seis em Damasco, três em Homs, dois em Boukamal, dois em Latakia e um em Madamaiya. Além disso, mais de cem pessoas teriam sido detidas no primeiro dia do Ramadã, o mês sagrado para os muçulmanos.
Ativistas dizem que mais de 1.500 civis e 350 oficiais das forças de segurança foram mortos na Síria desde o início dos protestos, em meados do mês de março. Além disso, mais de 12.600 pessoas foram presas e outras 3 mil constam como desaparecidas.
Com AP, BBC e AFP

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