segunda-feira, 30 de maio de 2011


PDVSA se mostra dispensável à Refinaria Abreu e Lima

POSTADO ÀS 20:34 EM 30 DE MAIO DE 2011
Fotos: Hélia Scheppa/JC Imagem
Por Daniel Guedes
Atualizada às 21h30

A Petróleos de Venezuela (PDVSA) tem até agosto para definir se será ou não sócia da Petrobras na Refinaria Abreu e Lima, no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco. Mas uma rápida análise de prós e contras mostra que a estatal de Hugo Chávez é totalmente dispensável à estatal brasileira. Aliás, a participação da PDVSA encareceria em mais US$ 400 milhões de investimento.

De acordo com o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o empréstimo de R$ 10 bilhões tomado junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acaba em agosto. A expectativa era de que a PDVSA arcasse com 40% do gasto, mas, por enquanto, um calote venezuelano vai se confirmando. “Não tenho novidades em relação á PDVSA. Não temos definição se eles vão entrar ou não. Ela não está fora, mas também não está dentro”, resumiu o diretor durante visita de jornalistas à planta industrial  nesta segunda-feira (30). Costa, no entanto, diz que não há motivo para preocupação, pois há recursos próprios para arcar com os outros R$ 16 bilhões necessários para concluir a obra.
Se a PDVSA resolver entrar no projeto e se tornar sócia do empreendimento, há um acréscimo de US$ 400 milhões, custo de um equipamento para retirada de enxofre que só será adquirido se os venezuelanos virarem sócios. A possibilidade de parceria já encareceu o projeto, pois seria necessário  separar o processamento do óleo. É preciso melhorar a qualidade do petróleo que viria da terra de Chávez, que é inferior a do proveniente do Campo de Marlim, no Rio de Janeiro.
» LEIA MAIS: Petrobras busca sócios para Petroquímica Suape

Mas Paulo Roberto Costa se nega a dizer que não quer a PDVSA como sócia. Questionado sobre os prós e contras de ter ou não a empresa junto com a Petrobras na Refinaria, ele sai pela tangente. “Companheiro, essa resposta eu não vou te dar”, diz, encerrando o assunto.

A dificuldade da Petrobras para se desvencilhar da empresa venezuelana é fruto de um acordo binacional firmado entre os dois países em 2005. 
OBRAS - De acordo com o presidente da Refinaria Abreu e Lima, Marcelino Guedes, hoje, 35% das obras estão prontas. Na visita feita nesta segunda-feira, foi possível observar homens trabalhando por todos os lados, apesar da chuva. Alguns dos 24 tanques de armazenagem já estão prontos, com direito a pintura e logo da Petrobras estampada na face externa. Dos R$ 26 milhões do empreendimento, R$ 7 bilhões já foram executados. O mais recente prazo anunciado para o início das operações é primeiro semestre de 2013. Mas o diretor de distribuição da Petrobras já comunicou a Guedes que quer ver óleo correndo nos 6,7 quilômetros de dutos ainda no final de 2012. A terraplanagem começou em setembro de 2007.
A conclusão das obras está atrasada em dois anos por uma série de motivos, mas Paulo Roberto destacou a necessidade de refazer a maior parte das licitações, por conta de preços elevados. Com isso, foi possível conseguir uma economia de R$ 6 bilhões.
A empresa irá produzir sete tipos de produtos. 70% é diesel. Quando pronta, a Refinaria irá processar 230  mil barris de óleo por dia. Com essa produção, dois de cada dez caminhões no Nordeste serão movidos por diesel de Pernambuco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário